28 de fev. de 2011

Barulho é tema da 'Reunião de Condomínio' Parte 3


Quarta-feira, na reunião, Amíssella é a primeira a falar: “Essa semana tivemos um técnico aqui com um decibelímetro para medir a intensidade do som”.

Dois especialistas visitaram o condomínio, a convite do “Fantástico”. Eles mediram o som de uma festinha no salão. O resultado foi de 102 decibéis. É como se as pessoas ao redor estivessem a apenas 15 metros de uma britadeira. Quase o barulho de uma turbina de avião, que fica em torno de 120 decibéis.

Subindo ao primeiro andar, 67 decibéis invadiram o quarto. Mesmo de janelas fechadas, o nível ainda ultrapassava 50 decibéis.

“Teria que estar aqui dentro agora em torno de no máximo 40. De 35 a 40, que é o ideal para o descanso”, explica o arquiteto especialista em acústica Fábio da Silva.

Dentro de casa, a sinfonia ensurdecedora continuou.
Secador: 78 decibéis.
Liquidificador : 85 decibéis.

No meio da conversa, o barulho de uma furadeira atrapalha. A furadeira estava sendo usada no andar de baixo. Perto dela, o nível era de 98 decibéis. Mas dentro de casa, o ruído permanecia alto: 79 decibéis.

“A estrutura de concreto se propaga muito. Então o ruído, uma furadeira, um martelo batendo no último andar ou no primeiro, vai se ouvir”, explica o arquiteto Fábio da Silva.

O salto alto no apartamento de cima era ouvido nitidamente no vizinho de baixo. Isso sem falar que na hora de bater o bife.

“Esses dias a minha esposa estava batendo o bife às 21h, interfonaram lá em casa pra avisar que ela estava batendo alguma coisa. Falei: ‘Estou batendo bife. vou terminar de bater uns bifes e já paro’", lembra Átila.

Não é exagero dizer que as paredes têm ouvidos.

“As construtoras, para um empreendimento de médio padrão, acontece de tentar economizar o máximo, em todas as áreas. O isolamento acústico é o que mais sofre. O morador só vê isso, só percebe isso quando está morando”, diz o arquiteto Fábio da Silva.

A dica? Antes de comprar um apartamento, pergunte ao corretor se o prédio tem proteção acústica, e não acredite só na conversa. Exija tudo por escrito.

“A construtora tem que constar isso no contrato”, destaca o arquiteto Fábio da Silva.

“Eu chego em casa muito tarde e acordo muito cedo, 5h. No silêncio total, entre 22h e 6h, normalmente eu procuro tomar banho. Eu fico pensando: ‘ligo ou não ligo o chuveiro?’", comenta um morador.

“Vamos ter compreensão com o chuveirinho? Você promete ficar com o chuveiro ligado o mínimo possível?”, pede Max.

“Cinco minutos”, diz o japa.

Ninguém precisa ficar sem tomar banho por medo de incomodar o vizinho.

“Temos medidas que podem ajudar a diminuir”, avisa Amissella.

Você pode espalhar tapetes pela casa ou colocar pedaços de feltro debaixo das cadeiras.

“A minha cadeira tem um feltro no pé, elimina o barulho, né?”

“É uma solução simples, barata, que não incomoda o vizinho de baixo”, destaca o engenheiro civil/Crea-SP Ademir do Amaral.

“Até eu estava pegando umas meias lá, costurando, colocando no meu cachorro, nas patinhas, pra não fazer barulho”, conta a dona de casa Geiza Marques.

Quando for bater o bife...

“Você pode colocar o quê? Um pano de prato embaixo pra evitar esse barulho”, sugere amissella.

Quanto ao salão de festas, qual a solução? Átila apresenta uma estimativa de preço pra isolar acusticamente o espaço: “Eu vi, com relação à janela antirruído. Cada janela custa em média R$ 800. Espuma que pode ser colocada custa R$ 86 o metro quadrado. Eu fiz um cálculo rápido, não é exato. São R$ 16.380”.

Cada morador que reserva o salão ou a churrasqueira paga uma taxa. A sugestão é usar esse dinheiro do aluguel para bancar a reforma.

“Que nós usássemos o dinheiro do próprio salão de festa pra ele se pagar”, diz Átila.

Como manda a lei, futuramente será convocada uma assembleia apenas para discutir a proposta. Os moradores vão receber três orçamentos e decidir se aprovam ou não a obra. Mas, no fundo, o que eles precisam mesmo é de um pouco de tolerância e educação.

“Eu me preocupo com o meu vizinho debaixo de mim, eu não o conheço ele. Às vezes eu perco até o sono. Será que eu estou incomodando o meu vizinho? Eu gostaria que a pessoa que mora no 14º me procurasse, pra ter o diálogo comigo, se realmente está tendo barulho lá, se está perturbando, entendeu?”, pede a dona de casa Geilza Marques.

“Essa é uma bela campanha: conheça seus vizinhos. Quando a gente faz um barulho, tem aquela coisa: ‘Será que eu vou incomodar ou não?’. Mas se nesse momento eu enxergar o rosto de uma pessoa que eu conheço na minha frente, muda tudo”, avalia Max Gehringer.

Cadê Marco Antônio? Chegou atrasado à reunião, com a desculpa mais esfarrapada do mundo: “Foi o trânsito”.

Que vexame, hein?

Semana que vem, o nosso tema, muito palpitante, será "as crianças". Algazarra, correria, sujeira. O que fazer com esses pestinhas?

“A gente não tem culpa que a pessoa está querendo dormir, mas a gente quer se divertir, entendeu?”, defende-se Raquel, de 12 anos.

Domingo que vem, elas vão botar abaixo a reunião de condomínio! Salve-se quem puder!



Matéria do fantástico dia 18/10/2009

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