24 de fev. de 2011

Como resolver os problemas do condomínio? Parte 3



O advogado Márcio Rachkorsky, especialista em condomínios que você conheceu no Fantástico, no quadro "Chame o síndico", explica: "Condomínio significa dividir uma mesma propriedade. E aí, quando acontece uma coisa boa, todo mundo colhe os frutos. Quando acontece uma coisa ruim, um ato de vandalismo, dói no bolso de todo mundo".

Não adianta dizer que "no meu andar não destruíram as portas corta-fogo, não tenho nada a ver com isso". O Titanic bateu de frente, como todo mundo viu no filme. O pessoal do fundo falou: "Que legal, bateu na frente. Já pensou se bate aqui atrás, que desgraça que ia ser!", conta Max.

Mas o vizinho sem noção pode se dar mal.

"Hoje em dia o Código Civil já prevê a figura do condômino antissocial. É aquele que atrapalha a vida em sociedade. Essa pessoa pode ser multada em até dez cotas de condomínio", alerta o advogado Márcio Rachkorsky.

O vândalo do bloco 1 deve ainda responder criminalmente pelos danos, além de ser obrigado a reembolsar os vizinhos.

De todos os problemas, porém, o que coloca de verdade os moradores em pé de guerra é o barulho.

"Eu tenho consciência de que é errado, mas é da hora, eu gosto", admite Bruno Bhering, de 14 anos.

"Ele gosta de aparecer de vez em quando. Aí, vira a caixa de som exatamente para mostrar que ele é o todo-poderoso", diz o pai do adolescente, Cléber Bhering.

"O barulho é até às 22h. Eu ligo das 14h às 18h, então, é permitido", alega Bruno.

"Não é porque é permitido que precisa derrubar o prédio", rebate Cléber.

Falta bom senso para quem incomoda e também para os incomodados.

"Tem morador que depois das 22h quer ligar furadeira, pregar um quadro", conta o subsíndico Eduardo César Furlan.

"É gente limpando casa, móveis, batendo porta", descreve o motorista Anderson Teixeira.

"Outro dia eu estava batendo bife às 19h e falaram que eu estava fazendo muito barulho", diz a dona de casa Vivian Marciano.

Um tremendo começo para qualquer coisa que a gente faz é encontrar alguma coisa boa, principalmente em quem a gente não gosta. No trabalho, isso é uma maravilha, chama-se "engolir sapo".

Sábado (3), o condomínio tremeu. Era aniversário de Giovana Barbirato. A mãe dela, Viviane, conta que, em um ano de residência no condomínio, este foi o primeiro evento da família.

Quase às 20h, a subsíndica Márcia levou um recado. Uma vizinha que mora em cima do salão de festas e não quer ser identificada estava transtornada.

"Eu quero que baixe o som. Quero ficar dentro da minha casa, só isso. Eu não posso assistir à TV. Meu apartamento estremece inteiro", reclamou.

"Não dá para ouvir quase nada do lado de fora. Quem não é convidado se incomoda", rebateu Viviane.

"O pessoal é muito sensível, vamos dizer", comenta o segurança Josenildo dos Santos.

"A gente tem que aprender a viver em harmonia na comunidade", ressalta o pai da aniversariante, Ricardo Barbirato. "Por bem ou por mal, estou dentro do meu direito. A maioria das pessoas que mora aqui financiou o apartamento em 20 anos. Então, o que acontece? O pessoal pegou, fez o carnê, e acha que é melhor que você. Esse é o problema do ser humano. Eu prefiro andar com calça e tênis velhos, com a barriga cheia, a prestação em dia e bem-humorado com meus vizinhos".

Atormentada pelo som ainda alto, a moradora resolveu ir embora. "Todo sábado e domingo é a mesma confusão. É festa, as pessoas não nos respeitam. Eu tenho meu condomínio em dia e ninguém me respeita, ninguém me ouve. Então, vou sair, porque eu sou a incomodada. Não dá para ficar na minha casa. A minha casa estremece. Não ouço a TV, não ouço telefone, não ouço absolutamente nada há quatro meses. Não aguento mais morar neste lugar. Estou doente e agora tenho que ir embora para um hotel, porque não posso ficar na minha casa. Não temos voz. Só quem não presta é que tem voz. Estou cansada, não aguento mais. Quero saber quem vai pagar minha estadia no hotel", reclamou.

Os alto-falantes continuaram bombando até às 22h, o horário limite.

E agora, quem tem razão? A guerra ao barulho é a primeira missão dos quatro moradores que vão chefiar o condomínio. Átila, Amissella, Sheila e Marco Antônio tentarão conscientizar os vizinhos.


http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1337774-15607-323,00.html

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